Mais um domingo como tantos outros, o dia que tiro para acordar o máximo possível depois do meio dia, dar um tapa na casa em família e passar o resto do dia na companhia do Kindle, minha parceira e da minha menina dos olhos azuis até dar o horário da ‘Furiosa’. As vezes até penso que tudo é perfeito, mas logo me deparo com minhas imperfeições e erros, e concluo que ainda assim somos muito bons juntos...
Hoje Enquanto tentava ler “Como as Democracias Morrem” a cabeça fervilhava em agradecimento as muitas horas de sono, impossível manter a concentração para tal. Por fim desisti e mantive minhas atividades apenas no campo mental. Já era o suficiente para bolar um feedback dos primeiros 20 dias de governo Bolsonaro, algo que já me programava para fazer.
Mas como todos sabem o tempo é fluido e as horas passam rápido, logo deu a hora da banda e saí sem ter externado nada, sem escrever. Mas foi bom, ao sair dei uma oxigenada na mente e organizei ainda mais as ideias.
Porem eis que chega o clímax do dia, para encerrar com chave de merda.
Saindo da banda, juntamente com minhas meninas, corremos para o supermercado mais próximo que fica aberto até as 22h, pegamos o que mais nos faltava e fomos para a fila do caixa que adentrava para o corredor do mercado, erroneamente o preferencial que estava tão lotado quanto os demais e com o mesmo tipo de gente que os outros. Após alguns minutos ao perceber o erro mudamos de fila, para fazer o certo, e entramos atrás de uma família composta por duas meninas lindas, aparentemente da mesma idade, uns seis anos e mais uma de colo, a mãe uma jovem de uns trinta, e logo vimos o patriarca, nessa hora a tortura começa.
A priori tive que lidar com meu preconceito em relação ao casal, a moça bonita, loira, magra o padrão estético desejável pela sociedade, porém sem brilho nos olhos, no mínimo 10 anos mais jovem e 100 quilos a menos que o homem. Ele por sua vez, desprovido de beleza física, próximo de uns 2 metros de altura e 2 de largura, uma figura um tanto quanto grosseira, alguém que eu não provocaria, embora essa seja uma leitura muito errada das pessoas, e compreendo meu erro.
A segunda impressão porem, mostrou-me muito mais do que eu gostaria de ter visto. O que me fez dar mais importância a essa vivencia do que o presidente da república no meu tempo de escrita.
O homem era inquieto, arrogante, um boçal. Reclamava com a mulher várias vezes que a fila que ela escolhera era muito lenta, andava de um lado para outro bufando mais parecia um javali, gritava com as crianças que brincavam alegremente cantarolando, no final fazia mais barulho que as crianças. A jovem mãe apenas baixava a cabeça claramente cega pela opressão.
Enquanto a mulher colocava os vários itens com dificuldade sobre a bancada com apenas uma mão pois a outra erguia uma criança, o Viking travestido de torcedor de algum time que certamente perdera nesse domingo fuçava em seu celular, estressado com a lerdeza da escrava familiar, aproximasse e começa impacientemente a jogar as compras na esteira inclusive derrubando itens no chão, exceto a cerveja que era merecedora de seu afeto.
Por fim o troglodita escolhe um dos itens da compra para demonstrar sua grande ignorância e o deixa no carrinho, um amaciante dos grandes, e atravessa para o outro lado.
Obviamente fiz o mínimo que eu pudera ter feito, pedi a minha menina que pegasse a cartela de tictac das crianças que ficou caída no chão e colocasse na esteira, para que elas não tivessem mais esse desgosto ao chegarem em casa, e ao saírem dedurei o imbecil.
Infelizmente nada ocorreu o homem era grande e os funcionários poucos. O amaciante era um preço justo para evitar um olho roxo.
Sei que não sou um homem perfeito, mas certamente esse espécime não me representa e sinto-me extremamente incomodado com isso. O que mais me doe é ver aquela mulher presa nesse ciclo vicioso e três futuras belas mulheres submetidas a um conceito de homem das cavernas como referência masculina.
Não façam isso, libertem-se, para ser bem clássico ‘antes só do que mal acompanhadas’. Levem esse tipo de patriarca a extinção por falta de opção.
Enquanto uma mulher, seja por modelo social, baixa estima, medo, ou sei lá o que, se submeter a isso, continuaremos produzindo mais escravas e vivenciando episódios como esse.
Licenciado em Ciências Sociais, graduado em Ciência da Computação, e um apaixonado por assuntos sobre a existência humana, suas organizações políticas, suas relações de produção e seus comportamentos em grupo.
Meu objetivo é observar, interpretar e propor análises sob a ótica da Sociologia, Antropologia e Ciência Política, usando os meios tecnológicos como princípio de interação social contemporânea.