O antidemocrático universo do Coiso postado em 22/10/18


O antidemocrático universo do Coiso

Bolsonaro 21/10/18: "Essa turma se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sobe a lei de todos nós, ou vão para fora ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria".

Quando se fala em banir brasileiros é preciso recorrer à história.

Tendo início na república, após o golpe de estado realizado por Dom Pedro I um de seus primeiros decretos foi banir a família real, José Bonifacio e seus irmãos, um crime contra o Brasil. Com isso abrindo as portas para diversos outros banimentos, alguns de formas hilariantes onde não apenas eram banidos, mas também condenados a viver em determinados lugares, assim como temos visto atualmente, pessoas querendo mandar brasileiros para cuba, venezuela, etc, tirando as pessoas do chão que lhe trouxe a vida.

Posteriormente o banimento foi retomado pelo regime militar, de forma ainda mais arbitrária, pois retirava também a nacionalidade, tornando-os apátridas. Portanto quando Bolsonaro diz que serão banidos os brasileiros que são "vermelhos", ou seja, ele está considerando todo aquele que diverge ideologicamente e não se cala, "um traidor merecedor de ser banido", não tendo mais o direito de ser brasileiro.

Não pense que é por brincadeira, ou modo de dizer, ou que se expressou de forma errada. Pois, por mais desumano que pareça, personalidades públicas não tem o direito de cometer tais erros pela influenciarão que possuem. Já passou da hora de entenderem que não é brincadeira, e se ele diz é porque pretende fazer. Também não diga que não foi avisado.

Retomando a história, e aprofundarmos ainda mais e olharmos desde o Crescente Fértil e traçarmos uma linha que passa sobre impérios egípcios, cruzadas até a catequização de nativos brasileiros que é bem mais recente, as várias alternâncias de poder com todas as suas guerras. Podemos analisar que embora motivado pela posse, nunca foi apenas uma dominação de recursos, mas um exemplo claro de intolerância à diversidade étinico-cultural, pois quase sempre que dominado um povo, sua cultura e seus símbolos também foram perdidos sendo substituídas pela cultura do dominador.

Estamos em guerra, não há espaço para divergência, está mais do que claro que o candidato praticamente eleito não irá governar para todos os brasileiros, até porque ele não considera brasileiro quem não está de acordo com ele, e não enxerga oposição como oposição, mas como inimigos. Infelizmente boa parte da população, aparentemente, deve ser expulsa da terra que nasceu. Pois, para muitos, não há como não se opor a isso, não há como ficar calado.

É muito triste escutar de certas pessoas, até muito próximas, que se dizem não serem doutrinadas, e que são livres para pensar. Quando na mesma frase elas separam as pessoas em dois grupos, um vermelho e um verde e amarelo. Como se o mundo fosse uma matrix dividida entre ZEROS e Uns, como se apenas houvesse duas cores, como se o Brasil se separasse entre brasileiros e traidores.

Assim fica muito difícil enxergar muitas cores, ficamos todos daltônicos, e limitados a escolher um lado. Quando poderíamos ocupar diversos espaços, papeis e prestigiar em toda sua magnitude e beleza a diversidade de nossa natureza humana.


Gabriel F. P. Souza
Autor: Gabriel F. P. Souza

Licenciado em Ciências Sociais, graduado em Ciência da Computação, e um apaixonado por assuntos sobre a existência humana, suas organizações políticas, suas relações de produção e seus comportamentos em grupo.

Meu objetivo é observar, interpretar e propor análises sob a ótica da Sociologia, Antropologia e Ciência Política, usando os meios tecnológicos como princípio de interação social contemporânea.

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