Resposta ao Conservadorismo postado em 24/10/18


Resposta ao Conservadorismo

Joseval Peixoto, Jornal da manhã JP 24/10/18:

“O extremismo macabro dessa campanha está levando o país ao desespero. Principalmente os jovens, imaturos sem terem cruzado ainda os percalços da vida, os moços estão em atrito com os mais velhos porque desconhecem que tudo o que está acontecendo por aqui é temporário.

É apenas um debate político, tem vida curta, não irá além da eleição!

Muitos desses moços já falam em deixar o Brasil e viver em outro país, como se aqui já tivéssemos uma nação conflagrada em luta fratricida de irmãos contra irmãos.

O jurista Miguel Reale Junior chamou atenção aqui ontem na Jovem Pan em uma entrevista para um dado assustador:

‘O Brasil está perdendo a representação, a eleição é um fato de internet, e as pessoas não se falam mais. Ficam com os olhos cravados na internet, e perderam o contato com a vida, são escravos do whatsapp. O mundo que conhecem é o mundo das redes sociais onde grupos estão espalhando a frustração e o medo.‘

O Brasil não é isso, temos um futuro glorioso a nossa frente. Aqui estão os filhos de todos os povos do mundo. Está se formando aqui em nosso país a mais fantástica civilização da história. Em razão à miscigenação em breve seremos a síntese de todas as culturas do universo.

Bolsonaro e Haddad são efêmeros, são apenas passagens voláteis como um passeio das nuvens em uma tarde de verão.

Estamos precisando gerar um grito de alerta a essa juventude retornem aos seios de suas famílias, para a sua escola, seu clube, sua roda de amigos. Desliguem seus celulares, voltem aqui para o reencontro com a própria vida.”


Primeiramente quero dizer que respeito Joseval Peixoto. Na minha humilde opinião, é um grande orador, gosto muito de seus posicionamentos principalmente em relação ao direito, onde fica claro sua paixão.

Porém com todo o respeito que tenho me sentido motivado a fazer uma resposta, pois o texto de hoje vai de encontro com o que penso.

Sim a campanha tem sido extrema, talvez estejamos no cume dessa situação. Porém não é de hoje que vivemos essa situação, basta olhar para as últimas eleições e as turbulências dos últimos anos, que o extremismo de hoje quase soa como natural.

Talvez eu como jovem seja imaturo, talvez a vida sempre foi assim e eu que não tenha vivido tanto o suficiente para me acostumado. Não posso dizer por todos, mas posso dizer por mim, pelo que vejo.

Quando entro em conflito com os mais velhos, assim como com outros mais novos. É porque eles abraçaram cegamente a ‘escravidão do whatsapp’ e se entregaram aos fakes, declararam voto a atores pornôs pela integridade da família, fundamentados no conservadorismo machucado pela diversidade exposta nos últimos tempos e em Deus como guia de seus líderes que cheiram a mofos catacúmbicos.

Me desculpa, mas não termina nas eleições, na verdade não deve terminar.  “O homem é naturalmente um animal político” e talvez toda essa frustração se origine desse debate político diariamente em falta, de forma produtiva, é claro, e talvez porque esse debate tenha sido silenciado pela sombra e frio dos calabouços de nosso passado, e depois esquecido no comodismo dos que restaram.

Quanto a representatividade, talvez nunca tenhamos tido. Considerando essa nova república que temos mais políticos arrastados do que eleitos pelo voto direto, e onde, à não ser que consideremos que a classe política nos faz de palhaços diariamente, não há circenses suficiente no Brasil para eleger tantos Tiriricas.

Sim tenho medo, não pelas fakes news espalhadas, e muito menos pela internet, essa amiga que pode nos distanciar de quem está ao lado para nos aproximar de quem está a 180 graus no globo, uma ferramenta/arma que precisa ser bem utilizada, pois nas mãos da pessoa errada nos afunda na ignorância, mas quando bem utilizada pode fazer brotar várias primaveras. Meu medo é de ser silenciado, de ver nossos avanços serem perdidos, nossa história ser reescrita pelos olhos de quem prevaleceu em 64, de ver o ódio disseminado pelo líder, e legitimado por quem tem medo de não se sabe o que.

O Brasil é isso sim, ou melhor, o mundo é assim, cheio de guerras, fato. Nossa miscigenação é rara e bela, mas está longe de ser a solução para nossos problemas, pelo menos enquanto nossos olhos estiverem voltados para o próprio umbigo, e passarmos a reconhecer as diferenças e respeita-las. Afinal, se esses falsos profetas atuais realmente acreditassem nesse cristo, existiria apenas um crime de morte, o fratricídio, e mesmo aqueles de outras crenças, seriam contemplados pela lei.

Por fim concordamos em algo, a efemeridade das pessoas Haddad e Bolsonaro, que no fim não passam de um ponto na curva da história, no entanto, o problema é a imagem, a ideia, a influência, pois essa fica, se replica, e dá trabalho para ser desfeita.


Gabriel F. P. Souza
Autor: Gabriel F. P. Souza

Licenciado em Ciências Sociais, graduado em Ciência da Computação, e um apaixonado por assuntos sobre a existência humana, suas organizações políticas, suas relações de produção e seus comportamentos em grupo.

Meu objetivo é observar, interpretar e propor análises sob a ótica da Sociologia, Antropologia e Ciência Política, usando os meios tecnológicos como princípio de interação social contemporânea.

Publicações
Pesquisar